O DADAISMO DE ANTES E DE SEMPRE...
TEXTO DE ANTONIO MIRANDA
Por ELMIRA SIMEÃO
Sem muita inspiração para expressar um ponto de vista sobre o que significa o Dadaismo em sua época ou nos dias atuais, me ponho a pesquisar (nisso acho que sou boa..) para concluir nesse carnaval que há um certo esgotamento das palavras...
Parece que nada mais que se diga em textos, poemas ou prosa se destaca em nuvem cinzenta. Falta sentido, falta a compreensão do limiar. Recorro ao poeta Paulo Celan. Não o conhecia, mas lendo o comentário (na sua página web) da professora Nivaldete Niva Ferreira, fiz questão de buscá-lo no oráculo...
São poemas belos e trágicos de alguém que conheceu a tragédia numa guerra, se refez como intelectual e homem...mas se deixou levar nas águas do rio Sena....
COMO TE EXTINGUES em mim:
ainda no último
e gasto
nó de ar
estás lá com uma
faísca
de vida.
(tradução: Claudia Cavalcanti )
Assim com um apelo irracional e anárquico entendo que o Dadaismo pode ser comparado ao Carnaval em sua linguagem artística de protesto que choca ou provoca, que apresenta no samba questões a se pensar....
Esse ano as vitoriosas Águia de Ouro (SP):
Águia, em suas asas vou voar
E no caminho da sabedoria
Páginas da história desvendar
Sou eu no elo perdido um desbravador
O tempo é o meu senhor
Na busca da evolução
Criar e superar limites da imaginação
A mente dominar
Jamais deixar de acreditar
E a Viradouro (RJ):
Camará ganhou a cidade
O erê herdou liberdade
Canto das Marias, baixa do dendê
Chama a freguesia pro batuquejê
São elas, dos anjos e das marés
Crioulas do balangandã, ô iaiá
Ciranda de roda, na beira do mar
Ganhadeira que benze, vai pro terreiro sambar
Nas escadas da fé
É a voz da mulher!
O samba enredo afirma que o conhecimento é a chave para as conquistas e superações. Mas também faz sentido (ao que parece tão ofuscado) buscar um pouco de fé, acreditar nessa faísca de vida que brota nas palavras, venham de onde vier....
Acho que a poesia, mesmo a dadaísta pode ajudar no entendimento....
“O poema, sendo como é uma forma de aparição da linguagem, é por isso de essência dialógica, o poema pode ser uma garrafa lançada ao mar, abandonada à esperança - decerto muitas vezes ténue - de poder um dia ser recolhida numa qualquer praia, talvez na praia do coração. Também neste sentido os poemas são um caminho: encaminham-se
para um destino (…) para um lugar aberto, para um tu intocável…”
— Paul Celan, “texto de agradecimento do primeiro prémio recebido, em Bremen”, 1958, in: "Arte Poética - Meridiano e outros textos".[tradução de João Barrento e Vanessa Milheiro; posfácio e notas de João Barrento]. Lisboa: Edições Cotovia, 1996.
Em seg., 24 de fev. de 2020 às 17:16, ANTONIO LISBOA CARVALHO DE MIRANDA <antmiranda@hotmail.com> escreveu:
sa
Alguém visitou este meu mini-ensaio no Portal de Poesia Ibero-americano. Eu não lembrava mais dele, nem de tê-lo escrito. Reli e gostei! A ver o que vocês acham... Opinem: [E sei que estamos em pleno Carnaval. Por isso mesmo...]
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/dadaismo_na_poesia.html
Elmira Simeão
Professora Associada
Faculdade de Ciência da Informação - FCI
UnB Universidade de Brasília - Brasil
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